21 de julho de 2012

Fragmentos de uma manhã

Seria tão bom se eu soubesse escrever o que os meus olhos veem, seria como uma fotografia que paraliza e eterniza cada momento. Acordei bem cedo, na verdade não dormir. Não, não foi insônia, apenas um desejo intenso de se manter acordada para não perder um só segundo. O dia me chegou como uma manhã de ano novo: desejos renovados.

Percebo que não há nada errado com os passos anteriores, apenas, quero e posso mais. Quero aprender a pisar em terras desconhecidas e me descobrir menina, mulher, as tantas que vivem em mim e as que nem imagino que posso ser. Me esforço para aprender a ler tudo e todos a minha volta. Olho no olho, sorrisos sinceros e leveza nas palavras, mesmo quando são ditas em momentos pesados. Quero aprender a viver. Isso se aprende, né?

Não sou dada a leitura de horóscopos, Bíblia, livrecos de auto-ajuda e essas babozeiras  todas que dizem em formato de receitas de bolo como se deve viver. Prefiro a leitura dos gestos, dos olhares, do cheiro.

Hoje, por exemplo, amanheci lendo os últimos quatro anos em seu olhar. Seus olhos verdes são os únicos que miram  minha alma. Ouvi, meu bem, cada uma de suas palavras com tanto carinho, com tanta raiva, com tanta paixão, com tanto ciúme a ponto de transbordar de amor. Sim, amor.

Há amor (e de muito) entre nós dois, mas há também meu nariz arrebitado, seu medo de viver... E os beijos proibidos nos quatro cantos de Olinda. Preciso desse seu amor, mas não posso viver na sombra. Sou uma mulher ensolarada, guerreira, daquelas que chegam com tudo, que olha a vida de frente.

Não tem jeito, se viver te causa medo, para mim é uma necessidade vital. É respirar! Sei que erro muito, mas nunca os mesmos erros, sou esperta demasiadamente para viver batendo na mesma tecla, eu quero viver o suficiente para bater em todas as teclas! Hoje cedo, mais uma vez você foi embora, eu te fiz chorar, mas não vou pedir desculpas, você mereceu. Eu sei que faço você se olhar no espelho e enxergar aquilo que você esconde, eu sei que estou sempre um passo mais a frente, que você pensa que não me dobra, mas querido, como é viver sem verdade, sem intensidade e brandura?

Se eu soubesse escrever cartas de amor, se eu tivesse o taleto de Aida ao criar uma definição do amor, ou se eu fosse maliciosa com as letras como Potyra, talvez tudo isso aqui fosse mais bonito para dizer que mesmo você indo embora, ainda sinto seu cheiro. Se eu soubesse escrever tudo o que vi hoje cedo seria: Me diz, quantas vidas você tem? Te mato mil vez e você ainda me vem, esbravejo a todos que nunca mais e quando dou dois passos: você.

Ainda aprendo como esquecer de lembrar que amo você.

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