Ou Por que o Recife é a melhor cidade do mundo!
Antes de tudo um alerta, inclusive para os recifenses mais jovens: o certo é O Recife, no Recife. Dizer em Recife é o mesmo que dizer em Bahia, em Rio. Pra gente soa um desastre. E é errado. Por favor, Folha de S.Paulo e toda mída sudestina.
Amar mulheres muitas, amar cidades só uma: Recife. Disse certa vez o poeta e tradutor alagoano Lêdo (Engano) Ivo, como chamamos no trocadilhismo bêbado.
Assim como sempre amei mais do que uma mulher, amo mais de uma cidade. Nenhuma, porém, amo mais que o Recife.
Agora um pequeno e desnecessário esclarecimento: sou dos recifenses nascido no Ceará, como Miguel Arraes, dom Helder e etc. Tô fraco de companhias, sorry.
Mais precisamente no Cariri.
Óbvio que amo o meu Crato, onde só nasci nem nunca morei. Óbvio que amo Santana, a maior reserva de fósseis de pterossauros gigantes do planeta, onde vivi a infância –Sítio das Cobras, perto de Aratama, Assaré, que luxo da gota serena.
Juazeiro foi amor de muito. Até os 15, 16, quando peguei o bacurau Princesa do Agreste que mudaria minha vida.
Família metade pernambucana, metade cearense, arrecifes pedrifiquei-me.
Cá me encontro. Sem vontade alguma de comentar nada do mundo. Sem aquela velha opinião formada sobre tudo.
Apenas querendo dizer que amo até o cheiro desses bueiros apodrecidos do velho Recife Assombrado. Que amo como o boi que avoa do conde Maurício.
Cá me encontro. Com vontade de apenas dizer que sinto sim saudades grandes de SP, a generosa SP dos tempos pré-Kassab.
SP com luminosos tal Tóquio. A beleza-mor. Kaos. Loviu Liberdade e todas as minhas concubinas e augustas putanas.
Com o Recife, porém, ninguém compete. Recife melhor que Paris, como disse o amigo Mario Hélio no seu livro.
Se Deus fosse botar um piercing, como eu escrevi pro filme “Conceição”, do estimado Heitor Dhalia, botaria no Recife.
Aqui é o umbigo do mundo. Mesmo.
Recife, desculpaí seu Bandeira, Recife com arroz e com o neto de Arraes.
Evoco-te invocada cidade, evocações.
Recife com ou sem prefeito. Bom de todo jeito.
Hellcife.
Nessa tarde da rua da Aurora, a mais bonita do mundo segundo Gilberto Freyre, as morenas ficam mais lindas.
Avisto daqui da janela a mais bela das comerciárias.
Jambo-girl?
Não.
Morena caldo-de-feijão-vermelho. Foi meu amigo Duncan Lindsay, from Garanhuns/New York, que me ensinou a catalogar os 17 tipos de morenas do Nordeste brasileiro.
Foi.
Eu lambi o umbigo do mundo, caro Cícero Dias, e ele se derretia nesta tarde com tuas cores, mangas, e pronto.
Diretamente do blog do Xico Sá: http://xicosa.folha.blog.uol.com.br/arch2012-01-15_2012-01-21.html
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