14 de agosto de 2011

Ela tem sorte.

Quase balzaquiana, cheia de sonhos, sem filhos (ainda), estudante, professora, militante... E hoje acordou com saudade de uma manhã na praia. Em um ano qualquer da década de oitenta, a praia de Boa Viagem, aquela querida BV, tinha uma beleza... 

Ele a segurava pela mão, ela não questionava, simplesmente sorria a cada passo que a aproximava do mar. Era tão menina. Biquine de lacinho, chinelo e chapéu combinando, seguia feliz.

Outra mulher chegou, ela não conhecia. Não conhecia também o ciúme, aquela foi a primeira vez.

Sem se preocupar com boas maneiras, ela guardou o sorriso, jogou areia na tal mulher e bem raivosa falou: Pai, eu quero ir para casa!

Ele não atendeu ao pedido e passou os últimos anos sem atender.

Mesmo assim, saudade das manhãs na praia... Quando ela insistia em aprender a nadar e o outro a deixava ir “até o fundo”. Saudade de tomar sorvete e picolé antes de Mainha chegar e reclamar. Saudade de quando esse outro era mais jovem e a carregava no ombro antes de mergulhar.

Hoje o outro está mais velho, já não a carrega nos ombros, mas sempre atende aos pedidos dela. Sempre vem com aquele sorvete que ela adora... E mesmo com quase trinta, o outro ocupou o espaço que ele deixou e fez o dia de hoje (e os últimos) feliz.

Painho, meu pai de coração, Feliz dia dos Pais!




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