No Nordeste, festa junina é festa sagrada, é preciso ter respeito. É nessa festa que o povo guerreiro, trabalhador e alegre, agradece aos santos pela fartura da terra. Tudo começa em 19 de março, dia de São José, com a plantação de milho, é tão cultural que até nas escolas as crianças fazem isso, (plantei muito milho rsrsrs...). E assim, os rituais seguem, as moças solteiras fazem promessas ao santo casamenteiro: Santo Antônio, e os namorados celebram a data. Já São João, o mais famoso de todos, arrebenta a boca do balão e por gerações do litoral ao Sertão, o forró corre solto em homenagem ao apóstolo mais amado por Jesus. Tem também São Pedro no final do mês, mais esse ta na parada nem sei porque, não sou tão católica assim, na verdade não sou coisa alguma, sou apenas uma nordestina emocionada com tanta beleza.
Em minha casa são muitas as histórias... Tudo começa com a fartura das comidas de milho que me dão enjôo só de olhar, mas bolo de macaxeira... aff! Adoro! Já fui rainha do milho, já dancei quadrilha, já aprontei muito em Caruaru, Serra negra... Festa junina sempre tem boas histórias. Nesse São João conheci uma histórinha linda de dois namorados. Era mais ou menos assim...
Certa vez, em uma cidadezinha do interior de Pernambuco, Correntes, depois de Garanhuns a terra do Presidente Lula, havia um casal de primos que só se viam nas férias. Ela, interna de colégio de freira, toda princesinha; Ele, porra louca da cidade. E em uma dessas férias, na festa junina, ele pediu ao senhor da rádio da praça, (sim, no interior era muito comum nas festas, especialmente as juninas, uma ‘rádio na praça’, onde as pessoas dedicavam músicas umas as outras...) Assim, o tal porra louca da cidade, pediu ao homem da tal rádio uma canção para sua amada e por toda pracinha se ouviu:
- Esta canção vai para a bela Deni com todo afeto de Zezé.
E em seguida, cheia de espectativa, ela cercada pelas irmãs mais velhas e irmãos ouviu aquela que, até hoje é a canção que embala, não apenas as festas juninas, mas esse namoro que dura mais de cinquenta anos.
Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha praquele balão multicor
Como no céu vai sumindo
Foi numa noite, igual a esta
Que tu me deste o teu coração
O céu estava, assim em festa
Pois era noite de São João
Havia balões no ar
Xóte, baião no salão
E no terreiro
O teu olhar, que incendiou
Meu coração.
Vê como ele está lindo
Olha praquele balão multicor
Como no céu vai sumindo
Foi numa noite, igual a esta
Que tu me deste o teu coração
O céu estava, assim em festa
Pois era noite de São João
Havia balões no ar
Xóte, baião no salão
E no terreiro
O teu olhar, que incendiou
Meu coração.
Passado algum tempo, em fevereiro do ano seguinte, eles fugiram (rsrsr... essa conto outro dia), casaram, tiveram cinco filhos, mudaram para a capital, aqui nasceram sete netos, duas bisnetas e muitas histórias para alegrar nossas vidas. Sou muito feliz em ser a netinha desse lindo casal.
Viva São João! Viva Vovó Deni e Vovô Zezé!
adorei o post, em especial a história final
ResponderExcluirdanadinhos seus avós hehe
Devo informar que estou apenas herdando...rsrsrs...
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